“Estou no ramo da avicultura desde 2005. Numa fase inicial, trabalhei no distrito de Manica, onde tinha apenas uma capoeira com capacidade para produzir 1000 pintos por ciclo. Passados alguns anos e com a experiência que fui ganhando, decidi transferir o negócio para a cidade de Chimoio, já em 2014. A partir desse momento, decidi aumentar o investimento na avicultura. Nessa altura, decidi investir na construção de novos pavilhões e comprei uma carrinha com sistema de frio e outra para transporte de material e equipamento. Investi também num pequeno sistema de frio e na construção de duas lojas, uma em Chimoio e outra em Pemba, Cabo Delgado, norte de Moçambique. Estava já dedicada ao negócio, quando conheci o Mercado de Alimentos Nutritivos. Este foi um momento crucial para os meus negócios.” – Alima Napido, proprietária da NADIH, empresa de produção e processamento de frangos.
Chimoio – o monstro adormecido
A cidade de Chimoio, província central de Manica tem uma das maiores concentrações de empreendedores e empresários que apostaram na área do agronegócio, desenvolvendo a produção agrícola, a piscicultura, a pecuária, entre outros. As condições agro-ecológicas desta região, a forte ligação ao mercado do Zimbábue e a presença de agricultores sul-africanos, entre outros, são factores que muito têm contribuído para esta capacidade empreendedora e empresarial da região. Alima Napido faz parte desta geração de empresários que decidiu apostar na produção avícola.
Alima iniciou as suas actividades em 2005 e desde esse período, apostou na produção e processamento de frangos de corte, bem como na distribuição nas cidades de Chimoio e Pemba, através da NADIH, E.I., sua empresa. A NADIH localiza-se a 10 minutos do centro da cidade de Chimoio, na região de Chissui.
Os desafios no acesso a meios de produção de frangos em Chimoio
“Aqui em Chimoio temos a possibilidade de adquirir parte dos insumos necessários para a avicultura”, diz Alima, para depois prosseguir “Os pintos são adquiridos nas empresas do Sr. Abílio Antunes, o maior fornecedor da região. Infelizmente, ainda não temos ração de qualidade, produzida localmente, pelo que esta é adquirida em Maputo. A ração é fundamental para este negócio e a sua aquisição em Maputo concorre para aumentar o custo de produção das aves, o que acaba por tornar o nosso frango mais caro. Gostaríamos de ter mais unidades de produção de ração localmente. Existem iniciativas em desenvolvimento e esperamos que as mesmas comecem a produzir logo.”
Sonhos, ideias, planos: o começar de uma nova etapa
Em meio à conversa, Alima convida-nos para visitar as suas instalações. Novas, diga-se. Equipada com quatro pavilhões inteligentes, com capacidade de produção total de 12 mil frangos por ciclo, a empresa tem tecnologia de ponta, tanto para a alimentação dos pintos, como para o arejamento e aquecimento das instalações, entre outros. Toda a linha de produção é automatizada.
A outra ala das instalações é preenchida pelo novo matadouro, também incorporando uma linha automatizada de abate e processamento das aves, incluindo uma nova câmara de choque e outra de conservação do produto final. Para reduzir os efeitos da oscilação ou falhas no fornecimento de energia eléctrica, a nova unidade está equipada com um gerador eléctrico de 125Kva. Todo o equipamento e as instalações foram financiados pelo Mercado de Alimentos Nutritivos, um projecto implementado pela GAIN, com fundos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
A Comunidade de Práticas – Uma oportunidade de negócios
“Estou muito motivada para continuar esta minha actividade. O apoio do Mercado de Alimentos Nutritivos trouxe nova dinâmica ao meu negócio. Iremos produzir mais, com qualidade e a custos mais acessíveis. Estamos prontos para servir o mercado, pois outros produtores da região poderão processar as suas aves aqui no nosso matadouro e ter um produto que respeita os procedimentos e normas da qualidade alimentar, principalmente nesta fase em que Moçambique está a apostar na avicultura como um dos pilares para a redução da fome e da desnutrição crónica” disse Alima.
A NADIH é membro da Comunidade de Práticas do Mercado de Alimentos Nutritivos, tendo participado em diversas acções de capacitação e em encontros de negócios promovidos pela GAIN. “Nas formações promovidas pela GAIN, aprendemos muitas técnicas de gestão de negócios, marketing e segurança e qualidade dos alimentos. A minha área de trabalho é bastante sensível. Os tópicos sobre gestão da qualidade, integridade dos alimentos e cuidados com a conservação do frango, entre outros, foram de grande utilidade. Como resultado, notámos uma redução na mortalidade nos nossos aviários. Mas percebemos que as aves crescem mais saudáveis e chegam aos consumidores com melhor qualidade. Estamos apostados em ser uma referência na cidade e região”, disse Alima, não escondendo um misto de orgulho e satisfação.
No âmbito das suas acções de capacitação e trocas de experiência, Alima Napido foi convidada pela GAIN, em Novembro de 2016, a participar duma conferência internacional sobre nutrição, em Nairobi, Quénia, durante a qual teve também a oportunidade de visitar diferentes empreendimentos e trocar experiências com outros produtores e distribuidores de frangos. “Durante a viagem a Nairobi, gostei muito da visita que fizemos à empresa Chicken Choice. Aprender como eles posicionam o frango para populações de baixo poder de compra e mesmo assim conseguirem gerir cerca de vinte postos de distribuição foi muito interessante. Consegui perceber que talvez seja melhor posicionar o nosso produto para esta camada social, que compra em pequenas quantidades, pois não tem capacidade de conservação em casa”, continuou Alima.
A NADIH concorreu para os fundos do Mercado de Alimentos Nutritivos e recebeu um plano de negócios e financiamento para a construção de 2 novos pavilhões, reabilitação de 2 pavilhões previamente existentes, construção de uma nova sala de processamento e conservação de frangos, construção de um edifício com sanitários e refeitório para os trabalhadores. Por outro lado, o investimento foi usado para a aquisição de equipamento para os pavilhões e para a sala de processamento, bem como na aquisição de uma câmara de frio e de um gerador.
Com os novos investimentos, a fábrica terá capacidade de processar e armazenar 15.6 toneladas de frango por mês.